Minha Vida dos Sonhos

Por que 99% dos freelancers estão apenas desempregados com Wi-Fi

Freelancers - autônomos ou desempregados
Tempo de leitura: 7 minutos.

Trabalhar de pijama, tomando café coado na prensa francesa, enquanto o sol da manhã bate suavemente no notebook de última geração… ah, o glorioso lifestyle dos freelancers. Pelo menos é isso que vendem por aí — principalmente nas redes sociais, onde a palavra “freelancer” virou sinônimo de liberdade, sucesso e viagens a Bali patrocinadas por trabalhos que ninguém sabe explicar direito. Mas, antes de você largar o CLT achando que vai virar nômade digital em 3 semanas, deixa eu te contar um segredo: a maioria dos freelancers está mais perdida que boleto no final do mês.

Existe uma enorme diferença entre ser freelancer e estar sem emprego com acesso ao Wi-Fi. Enquanto o primeiro exige planejamento, posicionamento de mercado, construção de autoridade e uma rotina firme de prospecção, o segundo geralmente gira em torno de esperar que o LinkedIn salve a pátria com um “oi, tudo bem?” vindo do nada. E é justamente aí que nasce o mito: ser freelancer não é sinônimo de autonomia automática. Sem gestão de tempo, precificação adequada e clientes reais, o que sobra é só o Wi-Fi mesmo — e olhe lá.

O que é ser um freelancer (de verdade)?

Ser um freelancer, de verdade, não é sobre trabalhar de qualquer lugar do mundo nem sobre postar stories em cafés hypados fingindo que está finalizando um projeto — spoiler: tá só lendo e-mails não respondidos de uma proposta que nem foi aceita. Ser freelancer é assumir o controle da própria carreira, com tudo o que isso implica: insegurança financeira, necessidade de autogestão, marketing pessoal e negociação constante com clientes. Não existe crachá, chefe ou salário fixo. Existe um portfólio, uma reputação construída a duras penas e a capacidade de entregar valor de forma independente.

Na prática, isso significa que um freelancer é um prestador de serviços autônomo que vende tempo, habilidade e conhecimento para diferentes clientes, sem vínculo empregatício. É alguém que precisa entender tanto de branding quanto de precificação, tanto de execução quanto de prospecção. Ou seja, não basta saber fazer — tem que saber vender o que faz, e muito bem.

Se você está pensando em entrar nesse universo, já se prepara pra ser, ao mesmo tempo, o time de criação, o financeiro e o RH. Porque ser freelancer é empreender no singular. O freelancer de verdade não depende de sorte nem de indicações pontuais — ele constrói autoridade, define seu nicho, cuida do relacionamento com os clientes e estabelece metas mensais de faturamento, como qualquer empresa faria. A diferença? Ele faz isso tudo muitas vezes sozinho, sem respaldo institucional e com a eterna sombra da instabilidade rondando a planilha de orçamento.

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Os tipos de freelancers que existem (e os que acham que existem)

Tipos de freelancers - minha vida dos sonhos

Quando falamos sobre freelancers, muita gente imagina uma coisa só: aquela pessoa “livre, leve e solta” que trabalha do laptop, aceita qualquer job que pingar no e-mail e vive a vida como se fosse uma eterna terça-feira preguiçosa. Mas no mundo real, os tipos de freelancers são tão diversos quanto os nichos de mercado em que atuam. Tem quem trabalhe com design gráfico, programação, redação, marketing digital, tradução, edição de vídeo, entre muitos outros. E, sim, existe uma diferença gritante entre os freelancers profissionais e os que só estão dando um tempo do CLT enquanto procuram “algo fixo”.

Abaixo, uma visão prática dos tipos de freelancers que realmente existem:

Tipo de FreelancerCaracterísticas-Chave
Especialista de NichoFoca em uma área específica (como copywriting, UX design, SEO). Tem alta demanda.
Generalista OperacionalFaz de tudo um pouco, mas geralmente pega jobs mais simples e de menor ticket.
Consultor FreelancerAtua com estratégias mais robustas e cobra por valor entregue, não por hora.
Nômade DigitalTrabalha de diferentes locais, mas tem estrutura séria e clientes fixos.
Freelancer EmergencialEntra em projetos urgentes, geralmente para resolver problemas pontuais.
Freela FakeVive dizendo que é freelancer, mas tá só esperando o próximo emprego CLT aparecer.

O que diferencia um freelancer de verdade de alguém que apenas se diz freelancer está na postura profissional. Os freelancers reais têm portfólio atualizado, prezam por prazos, comunicação clara, contratos e posicionamento de marca pessoal. Já os outros… bom, postam no LinkedIn frases como “aberto a novas oportunidades” e acham que o universo vai mandar um job por osmose.

Freelancers com foco claro em um nicho específico e que atuam com recorrência tendem a faturar muito mais do que os que vivem de “bicos” e tratam o trabalho como uma ocupação temporária. No fim das contas, é a combinação entre especialização, constância e visão de negócio que separa quem vive de freelas de quem só tem Wi-Fi e esperança. Ser freelancer é uma escolha estratégica — não um título bonito no Instagram. E entender os tipos de freelancers que existem é o primeiro passo pra sair da bolha da ilusão e construir uma carreira que, de fato, paga os boletos.

A dura verdade: Quanto vale 1 dia de trabalho freelancer?

Essa é uma daquelas perguntas que parece simples, mas que todo freelancer já se pegou encarando com o olhar vazio diante da planilha: afinal, quanto vale 1 dia do meu trabalho? E a resposta não está em fórmulas mágicas de TikTok nem em planilhas prontas de guru no Instagram. O valor de 1 dia de trabalho freelancer depende de variáveis como nível de experiência, complexidade do serviço, área de atuação, localização geográfica dos clientes e até mesmo a sua capacidade de negociação. Spoiler: cobrar R$ 150 por um job que te consome 10 horas é o mesmo que aceitar um subemprego gourmet com nota fiscal.

Pra te ajudar a visualizar, olha esse exemplo básico:

Nível do FreelancerValor Médio por Dia (8h)Comentário
InicianteR$ 150 a R$ 250Atrai clientes pelo preço, mas ainda constrói portfólio.
IntermediárioR$ 300 a R$ 600Já tem cases, começa a cobrar por valor e não só por hora.
Avançado/EspecialistaR$ 800 a R$ 2.000+Cobra pela transformação entregue, e não pelo tempo investido.

Claro que isso varia de nicho pra nicho — freelancers de tecnologia, como desenvolvedores ou especialistas em SEO, costumam ter tickets mais altos do que freelancers de áreas mais saturadas, como social media ou design básico. Mas a grande verdade é que, se você não sabe quanto vale 1 dia do seu trabalho, alguém vai dizer quanto ele vale por você. E geralmente esse “alguém” é o tipo de cliente que acha que design “é só jogar no Canva” ou que escrever um artigo de 2 mil palavras “não deve demorar tanto assim”.

No fim das contas, precificar bem o seu dia é um dos maiores atos de autorespeito financeiro que você pode ter como freelancer. Porque enquanto muitos estão na ilusão do “liberdade financeira via home office”, quem entende o próprio valor consegue não só sobreviver nesse mercado, mas viver bem. E isso começa por saber que o seu tempo não é barato — é valioso.

Vale lembrar que um valor médio de R$150 a R$250 por dia não quer dizer que você receberá isso todo dia, principalmente se for um freelancer iniciante, às vezes você pode ganhar R$250 hoje, em um dia, mas só conseguir outro freela daqui 1 semana, ou 15 dias talvez. Isso depende do quanto você já dominou a arte de atrair clientes que, acredite, é mais importante e igualmente mais difícil do que executar o job pelo qual você é contratado.

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Preço médio por hora: você tá cobrando ou sendo explorado?

Essa é a pergunta de um milhão de reais que todo freelancer precisa se fazer em voz alta, de preferência antes de aceitar aquele job que “vai te dar visibilidade”: você está cobrando o preço justo ou só sendo explorado com estilo? O preço médio por hora de um freelancer varia bastante, mas no Brasil, segundo dados do 99Freelas, gira entre R$ 40 e R$ 150 — dependendo do nicho, da experiência e da complexidade do serviço. Profissionais de áreas técnicas, como programação, design UX/UI ou consultoria de marketing, geralmente têm um valor-hora mais alto. Enquanto isso, quem atua com tradução, redação ou edição básica de vídeo tende a brigar mais por centavos — literalmente.

Se você ainda tá cobrando R$ 25/hora pra entregar um serviço que exige conhecimento, criatividade e comprometimento, sinto te dizer: isso nem é remuneração, é caridade com nota fiscal. Um bom termômetro é o modelo da “tríade da precificação”:

  • Tempo real gasto
  • Valor percebido pelo cliente
  • Posicionamento do seu serviço no mercado

Com isso em mente, dá pra entender por que dois freelancers podem cobrar valores totalmente diferentes por um mesmo serviço — e os dois estarem certos. A diferença? Um sabe o que entrega e vende resultado. O outro entrega muito e cobra pouco porque ainda tem síndrome do impostor.

A melhor forma de sair da zona da exploração é conhecer seus custos fixos, estimar a média de horas trabalhadas por mês e aplicar uma margem de lucro real. E sim, lucro, porque freelancing é negócio, não hobby fancy de quem gosta de ficar no Canva às 3h da manhã. Aqui vai uma conta simples:

Meta mensal: R$ 6.000
Horas disponíveis/mês: 120
Preço mínimo por hora: R$ 50

Abaixo disso, você não tá cobrando — você tá pagando pra trabalhar. E se não enxergar isso logo, vai continuar sendo aquele freelancer “ocupado” que nunca vê dinheiro entrando.

A diferença entre estar disponível e ser um profissional freelancer

Ser freelancer vai muito além de estar com tempo livre e um notebook na mochila. Existe uma linha tênue — quase invisível — entre estar disponível e ser, de fato, um profissional freelancer. O primeiro é aquele que tem “horas vagas” e tenta preenchê-las com qualquer trampo que aparecer. O segundo é quem constrói uma carreira autônoma sólida, com posicionamento, estratégia de preço, portfólio, processos definidos e uma mentalidade de negócio. A diferença? Um torce pra aparecer cliente. O outro faz cliente aparecer.

Muita gente confunde disponibilidade com profissionalismo. Só porque você respondeu rápido no WhatsApp ou aceitou um projeto em tempo recorde, não quer dizer que está agindo como freelancer profissional. Um profissional define prazos, estipula contratos, gerencia expectativas e, acima de tudo, sabe quando dizer “não”. Disponível é quem vive apagando incêndio e aceitando qualquer orçamento “pra não ficar parado”. Profissional é quem constrói uma reputação que justifica seu valor-hora — e isso, meus caros, leva tempo, mas dá retorno.

Veja a diferença prática entre os dois perfis:

CaracterísticaFreelancer disponívelFreelancer profissional
Aceita qualquer job?SimNão, avalia antes
Define contrato?Quase nuncaSempre
Cobra por valor ou por pena?Quase sempre por penaPor valor entregue
Organiza fluxo de trabalho?ImprovisaUsa ferramentas e processos
Foco em longo prazo?Vive o agoraPlaneja crescimento e autoridade

O mercado freelancer está lotado de gente disponível. Mas são os profissionais que conquistam clientes fiéis, jobs bem pagos e liberdade de verdade. Ser freelancer é empreender. E empreender exige muito mais do que apenas tempo livre e conexão com a internet — exige visão, estratégia e posicionamento no mercado autônomo.

Conclusão: freelancers de verdade não sobrevivem — eles se posicionam

Ser freelancer de verdade não é um modo de sobrevivência — é uma forma estratégica de se posicionar no mercado. Enquanto muitos ainda veem o trabalho autônomo como um plano B ou uma fase entre empregos formais, os freelancers profissionais estão criando marcas pessoais fortes, definindo seu nicho de atuação e estabelecendo autoridade no que fazem. A diferença entre quem vive de bico e quem vive de freelas está justamente na forma como se posiciona. Não é só sobre fazer um bom trabalho, mas sobre ser lembrado, recomendado e, acima de tudo, respeitado.

Posicionamento não se constrói com desespero — se constrói com consistência. Os melhores trabalhadores autônomos entendem que seu portfólio fala mais alto que qualquer currículo, que sua presença digital vale mais que mil propostas genéricas, e que cobrar barato pra entrar “só pra ter experiência” é um tiro no pé. A era dos freelancers invisíveis acabou. Hoje, quem quer ser visto e valorizado precisa aprender a se comunicar como um negócio, entregar como um especialista e negociar como um CEO, afinal, como um freelancer, você é de fato tudo isso.

O que fazer para começar a viver de freela

Foto de Caio Bittencourt

Caio Bittencourt

Caio Bittencourt comanda o Minha Vida dos Sonhos, um blog para quem quer adquirir a mentalidade necessária para adquirir riqueza e alcançar uma vida dos sonhos. Quando não está escrevendo, está fazendo música ou desenvolvendo novos negócios para viver melhor (e com menos dor de cabeça)

Caio Bittencourt / Minha Vida dos Sonhos

Caio Bittencourt

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