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Educação financeira no Brasil: por que ainda não levamos isso a sério?

Educação Financeira
Tempo de leitura: 8 minutos.

Se tem uma coisa que o brasileiro aprende desde cedo, é que dinheiro some rápido e sobra mês no final do salário. Mas será que a culpa é só da inflação ou da falta de oportunidades? Ou será que estamos negligenciando algo ainda mais essencial: a educação financeira no Brasil?

Atualmente, milhões de brasileiros vivem endividados, sem poupança ou qualquer planejamento para o futuro. O problema não é apenas a falta de dinheiro, mas sim a falta de alfabetização financeira — ou seja, o conhecimento básico para tomar decisões inteligentes sobre orçamento, investimentos e consumo consciente. De acordo com o Relatório de Cidadania Financeira de 2021 do Banco Central, apenas 35% da população brasileira consegue compreender conceitos financeiros básicos, enquanto países desenvolvidos apresentam índices muito superiores. Além disso, dados do Mapa da Inadimplência e Renegociação de Dívidas no Brasil da Serasa mostram que mais de 70 milhões de brasileiros estavam inadimplentes no último ano, evidenciando o impacto direto da falta de educação financeira no dia a dia.

Mas por que ainda não tratamos a educação financeira como prioridade? Se aprender matemática e português é fundamental para a vida, por que entender sobre juros, crédito e orçamento familiar ainda é tratado como um “extra”? A resposta passa por um histórico de descaso educacional, interesses de mercado e a própria cultura do imediatismo, que incentiva o consumo sem reflexão. O relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) (PISA Financial Literacy, 2022) revelou que o Brasil está entre os países com pior desempenho em educação financeira entre jovens, mostrando que o problema começa cedo e se reflete na vida adulta.

Neste artigo, vamos explorar por que a educação financeira no Brasil ainda é um problema, como a falta de ensino impacta a desigualdade social e o que pode ser feito para mudar essa realidade. Se você já sentiu que o dinheiro desaparece antes mesmo de receber o próximo salário, continue lendo — talvez a resposta esteja em algo que nunca te ensinaram na escola.

O Problema da Educação Financeira no Brasil

A educação financeira no Brasil ainda é vista como um tema secundário, algo que deveria ser aprendido na prática, muitas vezes por tentativa e erro. O resultado? Milhões de brasileiros endividados, sem reservas financeiras e vulneráveis a crises econômicas. Segundo o Relatório de Letramento Financeiro do Banco Central do Brasil, 64% da população teve dificuldades para equilibrar suas finanças nos últimos anos, e a falta de conhecimento sobre orçamento, investimentos e crédito continua sendo um dos principais fatores para essa instabilidade.

Esse problema começa cedo: a maioria das crianças e adolescentes não recebe nenhuma instrução sobre finanças na escola, e os adultos muitas vezes não sabem nem mesmo o básico sobre juros compostos, inflação e planejamento financeiro. De acordo com a OCDE (PISA Financial Literacy, 2022), o Brasil está entre os países com pior desempenho global em educação financeira entre jovens, reforçando que essa lacuna educacional afeta diretamente a tomada de decisões na vida adulta. O resultado é um país onde o crédito fácil se torna armadilha, e o consumo impulsivo supera qualquer tentativa de planejamento de longo prazo.

Além disso, há um fator cultural que agrava ainda mais essa situação: Muitas pessoas ainda veem o dinheiro mais como status do que como ferramenta de segurança e estabilidade. O conceito de poupança ainda é pouco difundido, e a falta de incentivo ao investimento em ativos financeiros faz com que a maioria das pessoas dependa exclusivamente do salário para sobreviver. Conforme o Mapa da Inadimplência da Serasa, mais de 73 milhões de brasileiros estavam inadimplentes em 2024, um reflexo direto da falta de alfabetização financeira.

Se não houver uma mudança estrutural no ensino e um esforço coletivo para disseminar a educação financeira, esse ciclo de endividamento e instabilidade continuará se perpetuando. A solução passa por ensinar desde cedo conceitos essenciais como orçamento, poupança, investimentos e planejamento financeiro, além de incentivar uma cultura de responsabilidade econômica e consumo consciente. Afinal, sem conhecimento financeiro, o dinheiro continuará sendo um problema na vida da maioria dos brasileiros — e não uma ferramenta de liberdade.

O que significa alfabetização financeira e por que ela é essencial?

Você já se perguntou por que algumas pessoas conseguem planejar suas finanças com facilidade, enquanto outras vivem no sufoco mês após mês? A resposta pode estar na alfabetização financeira, um conceito essencial para quem deseja ter mais controle sobre o dinheiro e evitar armadilhas como dívidas e investimentos ruins. Segundo a OCDE (PISA Financial Literacy, 2022), a alfabetização financeira se refere à capacidade de entender e aplicar conceitos financeiros no dia a dia, permitindo que as pessoas tomem decisões informadas sobre orçamento, crédito, investimentos e planejamento de longo prazo.

No Brasil, a falta de educação financeira é um dos principais motivos para o alto nível de endividamento. O Relatório de Letramento Financeiro do Banco Central revelou que 64% dos brasileiros tiveram dificuldades para equilibrar suas finanças nos últimos anos, evidenciando a importância de ensinar desde cedo conceitos básicos como juros compostos, inflação, taxa Selic e planejamento financeiro. Sem esse conhecimento, muitos acabam se tornando presas fáceis de empréstimos abusivos e do consumo impulsivo, comprometendo a estabilidade financeira ao longo da vida.

A alfabetização financeira não se resume apenas a saber fazer contas ou conhecer produtos bancários. Ela envolve um conjunto de habilidades que permitem uma relação mais saudável com o dinheiro, incluindo:

  • Gestão de orçamento – Saber exatamente quanto se ganha e quanto se gasta.
  • Planejamento de curto, médio e longo prazo – Criar metas financeiras realistas.
  • Entendimento sobre crédito e endividamento – Evitar armadilhas como juros altos no cartão de crédito.
  • Investimentos e patrimônio – Conhecer opções como renda fixa e variável para crescer financeiramente.

O impacto da falta de alfabetização financeira vai além da vida pessoal: afeta a economia do país como um todo. Um povo endividado e sem reservas financeiras consome menos, tem dificuldades para empreender e fica mais vulnerável a crises econômicas. É por isso que países desenvolvidos já incluem educação financeira nas escolas públicas, enquanto o Brasil tem avançado, mas ainda há desafios a serem superados. Para mudar essa realidade, é fundamental que as pessoas busquem conhecimento por conta própria e que o ensino de finanças pessoais se torne acessível a todos. Afinal, entender de dinheiro não deveria ser um privilégio, mas sim uma necessidade básica.

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Educação financeira nas escolas públicas: Utopia ou Realidade?

educação financeira no brasil

A inclusão da educação financeira nas escolas públicas é frequentemente debatida como uma solução para reduzir o endividamento e melhorar a qualidade de vida da população. Mas, na prática, esse ensino ainda enfrenta desafios estruturais. Embora o Banco Central do Brasil tenha lançado a Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF) para incentivar a alfabetização financeira desde cedo, a aplicação nas escolas ainda é limitada. Em 2020, o tema passou a integrar a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) como parte da disciplina de Matemática, mas o ensino ainda é superficial e varia de acordo com cada estado e município.

Um dos principais obstáculos para a implementação efetiva da educação financeira nas escolas públicas é a falta de capacitação dos professores. Segundo um levantamento da OCDE (PISA Financial Literacy, 2022), menos de 30% dos docentes brasileiros receberam algum tipo de treinamento para ensinar finanças pessoais aos alunos. Isso resulta em um ensino deficiente, muitas vezes limitado a conceitos básicos, sem uma abordagem prática que envolva planejamento financeiro, orçamento doméstico e investimentos. Sem professores preparados, o conhecimento se torna raso e pouco aplicável no dia a dia dos estudantes.

Além disso, a ausência de um material didático padronizado dificulta a uniformização do ensino de educação financeira. Enquanto algumas escolas adotam projetos extracurriculares voltados para consumo consciente, poupança e crédito, outras sequer abordam o tema. Essa discrepância faz com que muitos alunos concluam o ensino médio sem compreender conceitos essenciais como juros compostos, inflação e planejamento de longo prazo, aumentando o risco de endividamento na vida adulta. O resultado disso pode ser visto no Mapa da Inadimplência da Serasa, que aponta que mais de 70 milhões de brasileiros estavam inadimplentes em 2024, muitos por falta de conhecimento sobre gestão financeira.

Se a educação financeira nas escolas públicas for levada a sério e estruturada de forma eficiente, o impacto pode ser transformador. Países como Austrália, Reino Unido e Canadá já integram a disciplina de forma obrigatória e apresentam índices mais baixos de endividamento entre jovens. Para que o Brasil alcance um nível semelhante, será necessário investimento na formação docente, criação de materiais didáticos acessíveis e incentivos para que os alunos apliquem esses conhecimentos na prática.

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Como resolver esse problema?

Resolver a deficiência da educação financeira no Brasil exige um esforço conjunto entre escolas, governo, instituições financeiras e a própria população. O primeiro passo é garantir que a alfabetização financeira seja ensinada de forma estruturada e acessível desde cedo. Para isso, é fundamental que a educação financeira nas escolas públicas deixe de ser apenas um tema complementar e passe a ser uma disciplina obrigatória, como já acontece em países como Canadá e Austrália. Segundo um relatório da OCDE (PISA Financial Literacy, 2022), países que adotaram esse modelo viram uma redução significativa nos índices de endividamento juvenil.

Outro ponto crucial é a capacitação dos professores. Atualmente, muitos docentes não possuem formação específica para ensinar conceitos financeiros de forma didática e aplicável à realidade dos alunos. Para mudar isso, o investimento na capacitação de professores em cursos de formação continuada pode ser um caminho para melhorar o ensino de finanças , permitindo que os educadores tenham domínio sobre temas como orçamento doméstico, planejamento financeiro, juros compostos e consumo consciente. Além disso, é necessário um material didático padronizado e atualizado, garantindo que todos os estudantes recebam o mesmo nível de instrução, independentemente da região onde estudam.

Além do ensino formal, a divulgação de conteúdos acessíveis sobre finanças pessoais pode ajudar a reduzir o analfabetismo financeiro. Hoje, muitas pessoas recorrem a influenciadores digitais para aprender sobre investimentos, controle de gastos e renda extra, mas nem sempre essas informações são confiáveis. O ideal seria que bancos, fintechs e instituições governamentais criassem mais iniciativas de educação financeira voltadas para a população em geral. O Banco Central do Brasil já oferece conteúdos gratuitos através da Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF), mas a adesão ainda é baixa. Uma maior divulgação e integração desses programas à rotina escolar e comunitária poderia ampliar seu impacto.

Por fim, a mudança precisa partir também do indivíduo. Criar o hábito de planejar os gastos, evitar dívidas desnecessárias e buscar conhecimento sobre finanças são atitudes essenciais para sair do ciclo do endividamento. Pequenos passos como montar um orçamento mensal, aprender sobre investimentos de baixo risco e utilizar aplicativos de controle financeiro podem fazer uma grande diferença. Se a educação financeira se tornar parte da cultura do país, o impacto será sentido não apenas no bolso da população, mas na economia como um todo.

Conclusão

A educação financeira no Brasil ainda apresenta desafios que impactam milhões de pessoas e influenciam diretamente a economia do país. A falta de alfabetização financeira pode levar a decisões prejudiciais, como o acúmulo de dívidas, o consumo sem planejamento e a ausência de investimentos para o futuro. Segundo o Banco Central do Brasil, 64% dos brasileiros enfrentam dificuldades para equilibrar suas finanças, o que reforça a importância de fortalecer o ensino financeiro e tornar esse conhecimento acessível desde cedo.

Diversas iniciativas já estão sendo implementadas para melhorar esse cenário. As escolas públicas têm ampliado a abordagem da educação financeira por meio da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), e a capacitação dos professores pode tornar esse ensino ainda mais eficaz. Além disso, países como Canadá, Reino Unido e Austrália demonstram que incluir esse tema no currículo escolar pode contribuir para uma população mais preparada para lidar com o dinheiro. No Brasil, a ampliação de programas como a Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF) pode ajudar a acelerar esse processo.

Além do ensino formal, cada indivíduo pode buscar formas de melhorar sua relação com o dinheiro. Pequenas mudanças de hábito, como planejar o orçamento mensal, evitar compras impulsivas e aprender sobre investimentos básicos, já fazem uma grande diferença. Hoje, há diversas plataformas, cursos gratuitos e aplicativos que auxiliam na organização das finanças pessoais, permitindo que mais pessoas adquiram conhecimento de forma acessível e prática.

Com a crescente conscientização sobre a importância da educação financeira, há um grande potencial para mudanças positivas. O fortalecimento de iniciativas educacionais, aliado à busca individual por conhecimento, pode trazer benefícios tanto para as finanças pessoais quanto para a economia do país. Quanto mais pessoas aprenderem a lidar melhor com o dinheiro, maiores serão as chances de construir um futuro financeiro mais seguro e com cada vez menos endividamento.

Foto de Caio Bittencourt

Caio Bittencourt

Caio Bittencourt comanda o Minha Vida dos Sonhos, um blog para quem quer adquirir a mentalidade necessária para adquirir riqueza e alcançar uma vida dos sonhos. Quando não está escrevendo, está fazendo música ou desenvolvendo novos negócios para viver melhor (e com menos dor de cabeça)

Caio Bittencourt / Minha Vida dos Sonhos

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